Este blog foi criado com a intenção de divulgar atividades e textos na área educacional e também assuntos relacionados a Libras - Língua Brasileira de Sinais.
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
sábado, 24 de setembro de 2011
Penas espalhadas ao vento
Autor desconhecido
Um antigo conto judaico ilustra bem os efeitos de espalhar tagarelice maldosa. Apresentada em várias versões, a essência da história é a seguinte:
Certo homem percorreu a cidade caluniando o sábio local. Mais tarde o tagarela deu-se conta do dano que causara e dirigiu-se ao sábio para pedir perdão, prontificando-se a fazer qualquer coisa para reparar o seu erro. O sábio só tinha um pedido: que o caluniador apanhasse um travesseiro de penas e o abrisse, espalhando as penas ao vento. Embora intrigado com o pedido, o tagarela fez o que lhe foi mandado e, daí, voltou a falar com o sábio.
“Estou perdoado?”, perguntou.
“Primeiro, vá e ajunte todas as penas”, respondeu o sábio.
“Mas como? O vento já as espalhou.”
“Reparar o dano causado pelas suas palavras é tão difícil como recolher todas as penas.”
A lição é clara. Uma vez proferidas, as palavras não podem ser recuperadas, e talvez seja impossível sanar o mal que causaram. Antes de divulgar alguma tagarelice, será sensato nos lembrar de que, ao fazer isso, estaremos como que prestes a espalhar penas ao vento.
10 Maneiras de se Criar um Delinquente
Autor desconhecido
01- Comece na infância a dar a seu filho tudo que ele quiser. Assim quando ele crescer acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo que deseja.
02- Quando ele disser nomes feios, ache graça. Isto o fará considerar-se interessante.
03- Nunca lhe dê orientação religiosa ou moral. Espere até que ele chegue aos 21 anos, e "decida por si mesmo".
04- Apanhe tudo que ele deixar jogado pela casa: livros, roupas, sapatos, etc. Faça tudo para ele para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade pelos seus atos.
05- Discuta com frequência na presença dele. Assim, não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde.
06-Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser. Nunca o deixe ganhar seu próprio dinheiro. Por que ele terá que passar pelas mesmas dificuldades que você já passou?
07- Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. Negar pode acarretar frustrações prejudiciais.
08- Tome o partido dele contra vizinhos, professores, policiais. Afinal, todos tem má vontade com seu filho.
09- Quando ele se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa- "Nunca consegui dominá-lo mesmo".
10- Agindo assim, prepare-se para uma vida de desgosto. Será o seu merecido destino.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
Pausa
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
__ Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
__ Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
__ Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
__ Por que não vens almoçar?
__ Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
__ Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé.
__ Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
__ Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
__ Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
__ Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
__ Já vai, seu Isidoro?
__ Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
__ Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
__ Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
__ O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997.
O dia seguinte
Se há alguma coisa importante neste mundo, dizia o marido, é uma empregada de confiança. A mulher concordava, satisfeita: realmente, a empregada deles era de confiança absoluta. Até as compras fazia, tudo direitinho. Tão de confiança que eles não hesitavam em deixar-lhe a casa, quando viajavam.
Uma vez resolveram passar o fim de semana na praia. Como de costume a empregada ficaria. Nunca saía nos fins de semana, a moça. Empregada perfeita.
Foram. Quando já estavam quase chegando à orla marítima, ele se deu conta: tinham esquecido a chave da casa da praia. Não havia outro remédio. Tinham de voltar. Voltaram.
Quando abriram a porta do apartamento, quase desmaiaram: o living estava cheio de gente, todo mundo dançando no meio de uma algazarra infernal. Quando ele conseguiu se recuperar da estupefação procurou a empregada:
— Mas que é isso, Elcina? Enlouqueceu?
Aí um simpático mulato interveio: que é isso, meu patrão, a moça não enlouqueceu coisa nenhuma, estamos apenas nos divertindo, o senhor não quer dançar também? Isso mesmo, gritava o pessoal, dancem com a gente.
O marido e a mulher hesitaram um pouco; depois — por que não, afinal a gente tem de experimentar de tudo na vida —aderiram à festa. Dançaram, beberam, riram. Ao final da noite concordavam com o mulato: nunca tinham se divertido tanto.
No dia seguinte despediram a empregada.
SCLIAR, Moacyr. Histórias para (quase) todos os gostos. Porto Alegre: L&PM, 1998.
A VELHA CONTRABANDISTA
Stanislaw Ponte Preta, in Para gostar de ler, editora Ática.
Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – tudo malandro velho – começou a desconfiar da velhinha.
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal perguntou assim para ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco ?
A velhinha sorriu como os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia !!!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai !! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um me seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tia da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia ! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias ?
- O senhor promete que não “espáia” ? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É a lambreta!
Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o fiscal perguntou assim para ela:
- Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco ?
A velhinha sorriu como os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que adquirira no odontólogo, e respondeu:
- É areia !!!
Aí quem sorriu foi o fiscal. Achou que era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só tinha areia. Muito encabulado, ordenou à velhinha que fosse em frente. Ela montou na lambreta e foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passasse um dia com areia e no outro com muamba, dentro daquele maldito saco. No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com o saco atrás, o fiscal mandou parar outra vez. Perguntou o que é que ela levava no saco e ela respondeu que era areia, uai !! O fiscal examinou e era mesmo. Durante um me seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas as vezes, o que ela levava no saco era areia. Diz que foi aí que o fiscal se chateou:
- Olha, vovozinha, eu sou fiscal de alfândega com quarenta anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro. Ninguém me tia da cabeça que a senhora é contrabandista.
- Mas no saco só tem areia ! – insistiu a velhinha. E já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
- Eu prometo à senhora que deixo a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém, mas a senhora vai me dizer: qual é o contrabando que a senhora está passando por aqui todos os dias ?
- O senhor promete que não “espáia” ? – quis saber a velhinha.
- Juro – respondeu o fiscal.
- É a lambreta!
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