Mãos que Te louvam
Este blog foi criado com a intenção de divulgar atividades e textos na área educacional e também assuntos relacionados a Libras - Língua Brasileira de Sinais.
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
sábado, 24 de setembro de 2011
Penas espalhadas ao vento
Autor desconhecido
Um antigo conto judaico ilustra bem os efeitos de espalhar tagarelice maldosa. Apresentada em várias versões, a essência da história é a seguinte:
Certo homem percorreu a cidade caluniando o sábio local. Mais tarde o tagarela deu-se conta do dano que causara e dirigiu-se ao sábio para pedir perdão, prontificando-se a fazer qualquer coisa para reparar o seu erro. O sábio só tinha um pedido: que o caluniador apanhasse um travesseiro de penas e o abrisse, espalhando as penas ao vento. Embora intrigado com o pedido, o tagarela fez o que lhe foi mandado e, daí, voltou a falar com o sábio.
“Estou perdoado?”, perguntou.
“Primeiro, vá e ajunte todas as penas”, respondeu o sábio.
“Mas como? O vento já as espalhou.”
“Reparar o dano causado pelas suas palavras é tão difícil como recolher todas as penas.”
A lição é clara. Uma vez proferidas, as palavras não podem ser recuperadas, e talvez seja impossível sanar o mal que causaram. Antes de divulgar alguma tagarelice, será sensato nos lembrar de que, ao fazer isso, estaremos como que prestes a espalhar penas ao vento.
10 Maneiras de se Criar um Delinquente
Autor desconhecido
01- Comece na infância a dar a seu filho tudo que ele quiser. Assim quando ele crescer acreditará que o mundo tem obrigação de lhe dar tudo que deseja.
02- Quando ele disser nomes feios, ache graça. Isto o fará considerar-se interessante.
03- Nunca lhe dê orientação religiosa ou moral. Espere até que ele chegue aos 21 anos, e "decida por si mesmo".
04- Apanhe tudo que ele deixar jogado pela casa: livros, roupas, sapatos, etc. Faça tudo para ele para que aprenda a jogar sobre os outros toda a responsabilidade pelos seus atos.
05- Discuta com frequência na presença dele. Assim, não ficará muito chocado quando o lar se desfizer mais tarde.
06-Dê-lhe todo o dinheiro que ele quiser. Nunca o deixe ganhar seu próprio dinheiro. Por que ele terá que passar pelas mesmas dificuldades que você já passou?
07- Satisfaça todos os seus desejos de comida, bebida e conforto. Negar pode acarretar frustrações prejudiciais.
08- Tome o partido dele contra vizinhos, professores, policiais. Afinal, todos tem má vontade com seu filho.
09- Quando ele se meter em alguma encrenca séria, dê esta desculpa- "Nunca consegui dominá-lo mesmo".
10- Agindo assim, prepare-se para uma vida de desgosto. Será o seu merecido destino.
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
domingo, 3 de julho de 2011
sábado, 25 de junho de 2011
Pausa
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
__ Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
__ Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
__ Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
__ Por que não vens almoçar?
__ Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
__ Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé.
__ Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
__ Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
__ Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
__ Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
__ Já vai, seu Isidoro?
__ Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
__ Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
__ Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
__ O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1997.
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